KPIs da produção: do estratégico ao chão de fábrica – OTIF

Confiabilidade é o que sustenta a reputação de uma fábrica. O OTIF mostra, com precisão, o quanto a operação transforma planejamento em entrega real.

Produzir rápido já não basta. A indústria moderna precisa produzir com precisão. Em um cenário em que clientes exigem prazos exatos, cadeias de suprimentos se estendem por diversos continentes e a competição é medida em horas, cumprir o que foi prometido se tornou um verdadeiro diferencial de valor.

Entre os indicadores que avaliam a eficiência produtiva, o OTIF (On Time In Full) ocupa um lugar de destaque. Ele mostra, de forma clara e direta, se o cliente recebeu o que solicitou, na quantidade correta e dentro do prazo acordado. Em outras palavras: entrega completa e pontual.

A fórmula é objetiva:

OTIF = (Número de entregas completas e no prazo ÷ Número total de entregas) × 100

Por trás dessa equação simples está um poderoso termômetro de confiabilidade operacional. Mais do que medir o desempenho da logística ou do PCP, o OTIF reflete o nível de sincronização entre áreas — planejamento, suprimentos, produção, controle de qualidade e transporte.

Quando o OTIF está alto, a empresa demonstra consistência. Significa que o que foi planejado aconteceu conforme o esperado — sem improvisos, sem retrabalhos, sem surpresas. Quando o índice cai, o que se revela é um espelho fiel das falhas de integração: materiais que não chegaram, ordens reprogramadas, atrasos na expedição, ajustes de última hora.

O OTIF é, portanto, um indicador de sincronia organizacional. Ele mostra se a empresa opera com previsibilidade, consistência e domínio sobre seu fluxo produtivo. E isso exige análise cuidadosa das três camadas de gestão: estratégica, tática e operacional.

OTIF e a camada estratégica

No nível estratégico, o OTIF vai além da medição de desempenho: ele se torna um indicador de credibilidade empresarial. Para a alta gestão, representa a capacidade da organização de cumprir compromissos e sustentar uma reputação de previsibilidade — o que, em mercados de alta exigência, é tão importante quanto preço ou qualidade.

Um bom desempenho no OTIF mostra que a empresa consegue entregar de forma consistente, mesmo diante de variações de demanda, limitações de capacidade ou imprevistos na cadeia. Já oscilações recorrentes no índice expõem falhas de modelo e de gestão: políticas de estoque desatualizadas, estratégias comerciais desconectadas da realidade produtiva, sistemas fragmentados e ausência de visibilidade ponta a ponta.

O OTIF, nesse nível, influencia decisões como:

1. Políticas de atendimento e capacidade

A diretoria avalia se a empresa promete mais do que pode entregar. OTIF baixo costuma indicar desalinhamento entre metas comerciais e capacidade produtiva.

2. Investimentos em integração e digitalização

Baixa visibilidade sobre pedidos, produção e logística aparece imediatamente no indicador. A liderança usa o OTIF para justificar investimentos em sistemas integrados e automação.

3. Redesenho de cadeia de suprimentos

Atrasos recorrentes revelam fornecedores frágeis, estoques insuficientes e falta de resiliência da cadeia.

4. Estratégia de crescimento

Nenhuma expansão é sustentável com um OTIF instável. O índice ajuda a definir o momento certo de ampliar operações.

Empresas que tratam o OTIF estrategicamente não somente entregam produtos — entregam confiança. Elas se tornam referência em consistência operacional e conquistam o tipo de parceria que se mede em anos, não em contratos.

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OTIF e a camada tática

A camada tática transforma o OTIF em diagnóstico. É o nível onde PPCP, logística, suprimentos e engenharia de processos analisam, de fato, por que as entregas não chegaram ao cliente como deveriam.

Aqui, o indicador ganha corpo. Cada queda no OTIF representa um desvio:
  • faltou material?
  • houve parada imprevista?
  • o setup demorou além do previsto?
  • a linha não entregou o volume programado?
  • a expedição atrasou por retrabalho ou divergência de lote?
Nenhum desses fatores aparece na fórmula, mas todos aparecem no resultado.
A camada tática enxerga o OTIF como um mapa, que orienta ações como:

1. Ajuste do plano mestre de produção

O plano deve refletir capacidade real, não capacidade teórica. O OTIF ajuda a mostrar a distância entre os dois.

2. Melhoria da previsão de demanda

Incoerências entre previsões e consumo geram rupturas e atrasos. A análise do OTIF revela quando a previsibilidade comercial está impactando a operação.

3. Definição de políticas de estoque

Estoques de segurança mal dimensionados geram atrasos. O OTIF expõe o impacto direto de rupturas.

4. Reprogramações inteligentes

Com sistemas APS integrados, é possível simular cenários, reorganizar ordens e reduzir atrasos antes que eles avancem pela cadeia.

5. Revisão de fluxos logísticos internos

Percursos longos, acúmulo entre etapas ou conferências manuais atrasam expedição e derrubam o OTIF.

Nesse ponto, a integração entre sistemas APS (Advanced Planning and Scheduling), MES (Manufacturing Execution System) e o ERP se torna um diferencial importante. O ERP funciona como o coração das transações da indústria — onde nascem pedidos, ordens, requisições, confirmações de produção, movimentações de estoque e informações financeiras. Quando ele se conecta de forma fluida ao APS e ao MES, a empresa cria uma continuidade de dados que evita retrabalho, elimina divergências e fortalece a tomada de decisão.

O APS garante uma programação realista e otimizada, considerando restrições reais de capacidade; o MES captura dados do chão de fábrica em tempo real; e o ERP consolida, registra e distribui as informações essenciais para toda a organização. Quando esses três sistemas conversam entre si, o OTIF ganha contexto e precisão, já que o planejamento passa a se basear em dados atualizados, a execução reflete fielmente a produção e a gestão acompanha o impacto das decisões com clareza.

OTIF e a camada operacional

O chão de fábrica sente o OTIF na prática, minuto a minuto. O operador percebe quando uma ordem muda sem aviso, quando o material chega atrasado, quando o equipamento para inesperadamente ou quando um lote precisa ser retrabalhado. Todos esses eventos, mesmo pequenos, impactam diretamente o indicador.

Para essa camada, o KPI precisa ser tangível e visual. Dashboards claros, painéis digitais e indicadores atualizados em tempo real ajudam as equipes a entender como seu desempenho contribui para o resultado global. Quando o operador percebe que uma pequena parada pode comprometer uma entrega crítica, o indicador ganha significado e propósito.

Entre os principais fatores que afetam o OTIF no nível operacional estão:
1. Disponibilidade dos recursos
Máquinas paradas, ferramentas faltando ou instruções desatualizadas afetam prazos imediatamente.
2. Fluxo contínuo
Qualquer interrupção no fluxo — espera por insumos, movimentações desnecessárias, trocas não previstas — afeta a cadência da produção.
3. Precisão na execução
Pequenos desvios de processo se transformam em retrabalhos, descaracterizando prazos.
4. Integração com logística
Fábricas eficientes entregam cedo ou tarde demais quando não conversam com a expedição.

Ferramentas digitais de MES, combinadas com sensores iIoT e análise de dados, permitem rastrear cada ordem, registrar desvios e corrigir falhas antes que virem atrasos. Assim, o OTIF deixa de ser apenas uma métrica de resultado e se torna um guia operacional em tempo real, conectando cada decisão de linha ao compromisso final com o cliente.

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Quando o chão de fábrica entende o impacto do próprio desempenho sobre o indicador, nasce a cultura da entrega confiável — e é ela que sustenta qualquer estratégia de melhoria contínua.

Da fábrica conectada ao cliente satisfeito

O OTIF é mais do que uma taxa de entregas bem-sucedidas: é o retrato da sincronia entre planejamento e execução, da maturidade digital da operação e da qualidade das decisões em cada camada da gestão.

Melhorá-lo não é responsabilidade de um único setor, mas o resultado de uma cadeia integrada, onde cada área cumpre seu papel com clareza, dados confiáveis e propósito compartilhado.

Nesse contexto, a manufatura digital é o elo que conecta todos os pontos. Plataformas como o Opcenter X, o Opcenter APS e o Teamcenter PLM, da Siemens, formam a base tecnológica que transforma dados em previsibilidade e previsibilidade em confiança. Elas unem o planejamento tático à execução operacional, garantem rastreabilidade, reduzem desvios e permitem que o OTIF seja monitorado e otimizado continuamente.

Com a integração inteligente promovida pela Siemens e implementada pela APS3, o OTIF deixa de ser somente um número no relatório — torna-se uma vantagem competitiva mensurável, que traduz o compromisso da indústria com a excelência, a eficiência e, acima de tudo, com o cliente.

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