
A jornada da digitalização industrial é feita de altos e baixos. Entender o Efeito Dunning-Kruger ajuda líderes a atravessar o vale entre entusiasmo e maturidade com mais consciência, preparo e estratégia.
A digitalização industrial é um processo inevitável para empresas que buscam competitividade, previsibilidade e eficiência. No entanto, ela raramente segue uma linha reta. O que começa com entusiasmo e grandes expectativas pode se transformar em frustração e dúvida antes de alcançar resultados concretos.
Esse comportamento é humano — e previsível. Ele foi descrito pela psicologia como Efeito Dunning-Kruger, um fenômeno que explica por que, em muitas jornadas de inovação, a confiança é alta no início e despenca assim que os desafios reais aparecem.
Na indústria, compreender essa curva é essencial para conduzir a transformação digital com equilíbrio. Reconhecer as fases dessa trajetória — do otimismo inicial ao domínio real — permite alinhar expectativas, planejar recursos e fortalecer a resiliência das equipes.
O que é o Efeito Dunning-Kruger
O Efeito Dunning-Kruger, identificado por David Dunning e Justin Kruger na Universidade Cornell, descreve a tendência de pessoas com baixo conhecimento sobre determinado tema superestimarem sua competência. À medida que o aprendizado avança, essa confiança diminui — até que a experiência genuína reconstrói uma autoconfiança mais sólida.
Na digitalização industrial, essa curva se repete. Quando uma empresa inicia um projeto de transformação, o entusiasmo é natural: acredita-se que a adoção de um software resolverá gargalos históricos e entregará resultados imediatos. Com o tempo, a realidade mostra que digitalizar é mais complexo do que parece — e a curva de confiança despenca.
Mas é justamente nesse movimento que nasce o aprendizado. A digitalização não é um produto, é uma jornada de amadurecimento técnico e cultural. E compreender as fases dessa jornada é o primeiro passo para atravessá-la com sucesso.
Fase 1 – O pico da confiança ilusória
Toda transformação começa com energia. É a fase em que a empresa aprova o investimento, escolhe o fornecedor e se enche de expectativas. A promessa de integração total e produtividade imediata cria a sensação de que o futuro chegou.
Nesse momento, o entusiasmo supera a compreensão. Poucos percebem o quanto será necessário revisar processos, treinar pessoas e mudar hábitos arraigados. A confiança é alta porque a visão ainda é superficial.
O risco dessa etapa é o excesso de otimismo. Prazos apertados, metas ambiciosas e comunicação insuficiente criam um terreno frágil para o que virá. A digitalização começa a se tornar real — e com ela vêm os primeiros sinais de complexidade.
Fase 2 – O vale do desespero
É aqui que a curva despenca. Os resultados demoram, os sistemas não se integram com a facilidade esperada, surgem dúvidas e resistências. A sensação de “agora vai” dá lugar à incerteza.
Essa é a fase mais crítica e, paradoxalmente, a mais valiosa. É quando a empresa começa a enxergar os verdadeiros desafios: processos despadronizados, dados inconsistentes, silos de informação e uma cultura ainda pouco adaptada à transparência que a digitalização exige.
Muitos projetos travam nesse ponto porque o desânimo toma o lugar do aprendizado. Mas o vale do desespero é inevitável — e precisa ser encarado como parte natural do processo. As organizações que compreendem isso conseguem transformar frustração em diagnóstico, e diagnóstico em plano de ação.
Lideranças conscientes são fundamentais aqui. Em vez de buscar culpados, é hora de buscar causas: o que está impedindo o avanço? Que barreiras precisam ser removidas? O vale é, na prática, o laboratório da maturidade digital.
Fase 3 – A rampa da iluminação
Depois da turbulência, vem a clareza. As equipes começam a entender o sistema, os dados passam a fazer sentido e as conexões entre áreas se tornam visíveis.
É a fase em que o aprendizado se consolida. Os processos se ajustam, a comunicação melhora e a confiança retorna — não mais baseada em promessas, mas em resultados. Pequenas vitórias surgem: previsibilidade de prazos, uso mais inteligente de recursos, melhor alinhamento entre setores.
A rampa da iluminação representa o momento em que o conhecimento se aprofunda. O entusiasmo inicial é substituído por uma confiança madura, sustentada pela experiência.
Fase 4 – O platô da sustentabilidade
Com o tempo, o aprendizado acumulado transforma a digitalização em rotina. As ferramentas deixam de ser novidade e passam a fazer parte do dia a dia operacional.
Nesse estágio, a empresa alcança o platô da sustentabilidade — quando tecnologia, processos e pessoas operam em equilíbrio. As decisões se baseiam em dados, a comunicação entre áreas é fluida e a melhoria contínua se torna um valor cultural.
A confiança é estável porque nasce do domínio real. A digitalização deixa de ser um projeto com início e fim definidos e passa a ser uma forma de pensar e operar.
Por que entender o Efeito Dunning-Kruger é essencial para liderar a transformação digital?
Mais do que um conceito acadêmico, o Efeito Dunning-Kruger é uma lente poderosa para interpretar o comportamento humano durante mudanças complexas — como a digitalização industrial. Ele ajuda a enxergar que a curva da confiança não é apenas psicológica, mas também organizacional.
Em outras palavras, ela mostra como empresas, assim como pessoas, passam por fases de euforia, dúvida e amadurecimento ao adotar novas tecnologias.
Compreender essa jornada de percepção é fundamental para:
- Gerenciar expectativas: reconhecer as etapas naturais da curva permite calibrar o otimismo inicial e definir prazos realistas. Quando líderes entendem que o entusiasmo tende a anteceder o aprendizado, conseguem alinhar metas e reduzir frustrações — suas e da equipe — durante a implantação de novas soluções.
- Planejar recursos: ao entender que a curva inclui períodos de incerteza e ajustes, é possível distribuir investimentos, tempo e energia de maneira mais estratégica. Isso evita decisões impulsivas e ajuda a preparar a estrutura da empresa para atravessar o vale com segurança.
- Fomentar aprendizado: cada desafio encontrado no caminho deixa de ser um obstáculo e passa a ser um campo de treino. Estimular a busca por conhecimento contínuo transforma o erro em insumo para evolução e consolida o domínio técnico das equipes.
- Promover resiliência: aceitar o “vale do desespero” como parte natural do processo é o que mantém a motivação quando os resultados ainda não aparecem. A resiliência coletiva permite que o time aprenda com o desconforto, em vez de recuar diante dele.
- Garantir sucesso: ao transformar dificuldades em aprendizado, a empresa constrói uma cultura de eficiência e inovação. Essa visão de longo prazo faz com que cada projeto digital não seja apenas uma implantação tecnológica, mas uma etapa concreta de amadurecimento organizacional.
No fim das contas, o Efeito Dunning-Kruger aplicado à digitalização funciona como um mapa de maturidade: ajuda a identificar onde a organização está, quais capacidades precisa desenvolver e como transformar conhecimento em vantagem competitiva.
Do “vale do desespero” ao “platô da sustentabilidade”: o papel da APS3 nessa travessia
A travessia entre entusiasmo e maturidade digital exige conhecimento técnico, método e visão sistêmica. É nesse ponto que a APS3 atua como parceira estratégica, guiando empresas ao longo dessa curva de aprendizado.
Desde 2012, a APS3 auxilia indústrias de diversos segmentos a compreender e estruturar sua jornada de digitalização — conectando pessoas, processos e tecnologia em um fluxo integrado.
A empresa trabalha lado a lado com o cliente, ajudando-o a atravessar o vale com clareza e planejamento até alcançar o platô da sustentabilidade digital.
Seu trabalho combina experiência prática e domínio do portfólio Siemens, que oferece soluções completas para manufatura digital, cobrindo desde o planejamento e simulação até a execução e análise de desempenho.
Mais do que implantar sistemas, a APS3 ajuda organizações a transformar desafios em aprendizado e aprendizado em resultados sustentáveis.








