O conceito de Indústria 4.0 foi lançado na Feira de Hannover, na Alemanha, em abril de 2013 pela ACATECH – Academia Nacional de Ciências e Engenharia da Alemanha e representou uma iniciativa estratégica do Governo Alemão (1).
Fig.1 – As 4 Revoluções Industriais
Na Grã-Bretanha do século XVIII tivemos o início da 1ª. Revolução Industrial com a produção saindo do puramente manual e artesanal, passando para as máquinas à água e vapor, onde a indústria têxtil entrou na berlinda.
De 1870 a 1914 a eletricidade passou a dominar o cenário e possibilitou a produção em massa, caracterizando a 2ª. Revolução Industrial, onde o modelo de Henry Ford com a produção de automóveis é um exemplo. Curioso saber que a SIEMENS, hoje líder em eletrificação, automação e digitalização, foi criada em 1873 por dois engenheiros alemães, Siemens e Halske, justamente para promover uma inovação no telégrafo. A empresa que nasceu 173 anos atrás para inovar é hoje a líder em ajudar as indústrias com inovação através da digitalização.
A partir de 1950 iniciou-se um processo de informatização das empresas através de computação eletrônica e dos sistemas digitais substituindo os sistemas analógicos, o que veio a culminar com a automação que caracteriza a 3ª. Revolução Industrial.
Nos dias atuais a digitalização ganhou importância fundamental nos processos produtivos, caracterizando a 4ª. Revolução Industrial ou Indústria 4.0, que está fortemente centrada em tecnologias que garantem realidade virtual, realidade aumentada, “machine learning”, Inteligência artificial, “cloud computing”, impressão 3D, simulações, internet das coisas e segurança cibernética.
Esta digitalização permite o tratamento com uma realidade virtual onde as Engenharias de Produto e de Processo podem trabalhar com o conceito de Digital Twin (Gêmeo Digital), tanto do produto, quanto da manufatura, quanto da performance. Esta digitalização ao longo de toda a cadeia de valor do processo produtivo é também chamada de Digital Thread, que é o modelo de dados único e integrado protegendo o capital intelectual da indústria. O Digital Thread possibilita que as indústrias possam realizar simulações, para verificar se o produto sendo projetado vai atender os requisitos do cliente, mesmo antes da fabricação física dos mesmos, bem como, realizar o comissionamento virtual, o que possibilita validar o produto e sua performance, sem a necessidade de construir protótipos caros e demorados.
Poderíamos então fazer as seguintes dobradinhas:
- Energia a Vapor – Indústria 1.0
- Energia Elétrica – Indústria 2.0
- Automação – Indústria 3.0
- Digitalização – Indústria 4.0
A Siemens é hoje líder em eletrificação, automação e digitalização com uma receita anual de cerca de 83 bilhões de euros, mais de 370 mil colaboradores e margem de lucro superior a 11%, oferecendo para as indústrias de todos os portes uma extensa gama de soluções para a Transformação Digital através de sua plataforma Xcelerator (2), da qual o TEAMCENTER faz parte.
A digitalização representa uma garantia de capacidade de inovação para as indústrias atuais do mundo todo ao mesmo tempo que representa uma proteção contra as chamadas tecnologias disruptivas.
Segundo Pierre Nanterme, CEO da Accenture: “O digital é a principal razão pela qual mais de metade das empresas da Fortune 500 desapareceram desde o ano 2000.”
Fig.2 – Características e Tecnologias da Indústria 4.0
Sociedade 5.0
Em janeiro de 2016, três anos depois do conceito de indústria 4.0 ser lançado em Hannover, o Japão lançou o conceito de Sociedade 5.0, uma visão estratégica para o futuro da humanidade (3), fazendo parte do 5º Plano Básico de Ciência e Tecnologia daquele país e como sendo uma sociedade que o Japão deveria almejar para um futuro breve.
O título sociedade 5.0 fundamenta-se nas classificações que se fez dos períodos em que sobrevivemos de diferentes recursos.
Sociedade 1.0 – Seria a sociedade da caça, onde o ser humano sobrevivia graças à suas habilidades de caçar e coletar.
Sociedade 2.0 – Corresponderia à sociedade da agricultura, onde aprendemos as técnicas de cultivo dos nossos solos e representou uma evolução pois mudava inclusive a forma de pensar sobre nossa subsistência. Nascia aqui o conceito de sustentabilidade, pois a agricultura se baseia no manejo do solo e na renovação daquilo que consumimos.
Sociedade 3.0 – Compreenderia a sociedade industrial, que corresponde ao período em que apareceram os motores a vapor, o aparecimento da energia elétrica e a sociedade passou a sobreviver com o trabalho nas indústrias, em suas várias revoluções descritas na primeira parte deste texto.
Sociedade 4.0 – Finalmente teríamos a sociedade da informação, que resultou da grande utilização de computadores e da internet, criando uma sociedade digital, que se comunica instantaneamente, transformando o globo terrestre, literalmente, em uma pequena aldeia.
Fig.3 – Imagem extraída do link (3) abaixo
Sociedade 5.0 – Seria a mesma sociedade 4.0 acima, porém com as tecnologias e modernidades voltadas para beneficiar o ser humano. A ideia é muito simples de ser compreendida: Chegamos na incrível Indústria 4.0, que compreende o “machine learning” e a inteligência artificial, mas a humanidade continua sofrendo grandes agruras na base da pirâmide. Em outras palavras, o progresso tecnológico precisa resolver a velha e debatida questão da distribuição de renda, evitando a concentração elevada de riqueza que temos visto na sociedade atual.
A inclusão, a sustentabilidade, a qualidade de vida, a distribuição de renda, o bem estar, a educação e a saúde devem ser uma garantia para todo ser humano, para que realmente o progresso tecnológico da Indústria 4.0 faça sentido. Ou seja, energia limpa através de fontes renováveis, automação substituindo o trabalho desumano em algumas fábricas, a inteligência artificial, Big Data e Cloud Computing garantindo saúde e educação para todos, colocando os avanços da tecnologia que caracterizam a indústria 4.0 a serviço de uma sociedade mais justa e mais feliz.
Muito inteligente esta ideia. Ela vai implicar em mudanças econômicas, políticas e psicológicas para que a tecnologia e os meios produtivos finalmente atendam o social além do lucro.
Talvez a humanidade consiga chegar no grau de igualdade de direitos e de bem estar que muitos consideram uma utopia ainda hoje. Seria a humanidade queimando etapas graças ao apoio das grandes nações do primeiro mundo. Parabéns à Alemanha e ao Japão!
Sobre o autor: Aparecido Martins é Diretor de Serviços e Tecnologia na APS3, Tecnólogo de Processamento de Dados pela FURB, Técnico de Eletrônica pela ETFPR e Especialista em APS certificado pela Siemens.
REFERÊNCIAS
(1): https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria_4.0
(2): https://www.sw.siemens.com/portfolio
Postado por Aparecido Martins em 05/08/2020